terça-feira, 28 de junho de 2022

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Ingressar na universidade para cursar uma faculdade, não era algo incentivado na escola pública, para jovens de origem humilde da minha geração. Em minha cidade, Camaçari (BA), eu e outros meninos e meninas, ouriundos da periferia, sonhávamos com “uma boa vaga no Polo Petroquímico”, sonho esse, nem sempre possível, pois, desde aquela época, as tais “boas vagas no polo”, sobretudo para o camaçariense, já eram bem diminutas ou mesmo inacessíveis.

A universidade era “um lugar distante” para nós, porém, incentivado por minha saudosa mãe, Dona Nicinha, que era professora, decidimos “subverter a ordem” e arriscar. Tentei entrar na UFBA e na UNEB, mas, os cursos eram predominantemente diurnos e eu precisava trabalhar. Acabei sendo aprovado no vestibular de uma renomada instituição particular, entretanto, as mensalidades eram caríssimas e completamente incompatíveis com a minha renda à época, de modo que “a conta não fechava”.

Eu pagava a matrícula e na renovação para o semestre seguinte, nos cruéis e desumanos escritórios se cobrança, eu negociava o restante da dívida em mais parcelas. FIES, créditos educativos, bolsas, existiam, porém, também eram “artigos de luxo”, apenas para poucos. Vivíamos um grande paradoxo: Universidades particulares e caras, cheias de alunos pobres, egressos da escola pública, e que precisavam estudar à noite por causa do trabalho e, por sua vez, universidades públicas, com seus cursos, salvo raras exceções, diurnos, repletos de estudantes das classes média-alta e alta.

Eis que anos depois, mesmo já formado, a expansão e a interiorização da rede pública superior de ensino, me proporcionaram a realização de um sonho de garoto: O de ser diplomado, graduado e pós-graduado por grandes instituições Federais!
E foi assim que cursei Graduação em Administração Pública, Especialização em Gestão Pública Municipal, Especialização em Gestão do SUS e por ultimo, Especialização em Gênero, Diversidade e Direitos Humanos, todos pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira - UNILAB, além da Graduação em Letras, pela Universidade Federal da Paraíba. Em andamento, pelo IFRO Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia, uma pós-graduação em em Educação de Jovens e Adultos e um MBA em Gestão das Instituições Públicas.

Hoje, apesar dos ataques lamentavelmente institucionais dos são contrários à presença d filho do trabalhador pobre na academia e da visível tentativa de destruição e enfraquecimento do poder de ação da rede pública superior, ainda temos esses oásis de oportunidades, democratizando o acesso à formação gratuita, com cursos noturnos ou na modalidade EAD, quase inexistentes até bem pouco tempo. Viva à universidade pública, gratuita e de qualidade. Esse post é para exaltar políticas públicas de acesso à educação superior. A educação transforma e impulsiona vidas. Comigo foi assim. Muito obrigado UFPB, IFRO e UNILAB! ✊🏾

terça-feira, 14 de junho de 2022

Camaçari e os seus 42 km de praia. Para quem?


 O camaçariense sempre se orgulha em dizer que a cidade possui “42 km de belas praias”, mas, será mesmo? Destes 42 km, Busca-vida, há muitos anos não nos pertence. A Lei 7.661/88, que instituiu o “Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro – PNGC”, em seu artigo 10, é claro ao dizer que:

“Art. 10 – As praias são bens públicos de uso comum do povo, sendo assegurado sempre, livre e franco acesso a elas e ao mar, em qualquer direção e sentido, ressalvados os trechos considerados de interesse de segurança nacional ou incluídos em áreas protegidos por legislação específica.
§1º-Não será permitida a urbanização ou qualquer forma de utilização do solo na zona costeira que impeça ou dificulte o acesso assegurado no caput deste artigo” (grifo nosso)


Mas a realidade é absolutamente outra. Quem consegue entrar facilmente em Busca Vida? Quantos camaçarienses conhecem Busca Vida? Para piorar a situação, esse fenômeno de “privatização” dos acessos às nossas praias vem sem expandindo. Já há trechos de praia inacessíveis em Guarajuba, Itacimirim, Barra do Jacuipe…

Camaçari, diferentemente da maioria das demais cidades costeiras Brasil afora, não se desenvolveu à beira-mar. A instalação do Polo Petroquímico, acentuou o crescimento da zona urbana onde convencionamos chamar de “sede”, deixando o litoral literalmente abandonado. Do ponto de vista governamental, nunca houve um ordenamento a contento daquela região e de uns anos para cá, a coisa tem piorado: Especulação imobiliária, invasões, violência, destruição ambiental…

Há lugares do litoral camaçariense que são verdadeiros “condados”, espécies de “territórios autônomos”, onde um “dono” é quem dá o comando, a despeito do poder público e da sociedade. Em Guarajuba, por exemplo, ônibus e vans do transporte público não entram, pasmem, por determinação judicial. Quem não tiver seu próprio meio de condução, tem que ir a pé e mesmo para quem vai de carro, estacas foram fincadas ao longo do asfalto e impedem o estacionamento de quem não tem o privilégio de ter uma casa por lá, fora os logradouros públicos, que são fechados com portarias e segurança armada, sendo transformados em "condomínios", sem regulamentação, impedindo a circulação das pessoas.

Já as praias ainda acessíveis ao povo, sobretudo, as mais frequentadas, tais como Jauá e Arembepe, lindíssimas por natureza, carecem visivelmente de cuidados e sofrem com a violência, sujeira, trânsito desenfreado, perturbação da ordem, invasões e o total abandono por parte do poder público. Resumo da ópera: Em Camaçari, há praias que são “privadas”, onde o morador nativo não é bem-vindo e as que são “abertas ao povo”, estão completamente abandonadas.

Nesse contexto absurdo e triste, os 42 km de praias são mesmo todos nossos? É óbvio que não e a tendência é piorar, basta ver quantidade de “condomínios” e ocupações irregulares que brotam no litoral camaçariense a cada dia! 

quinta-feira, 19 de maio de 2022

“Ai Nice you, dale”

Março de 2021 e dentre as milhares de vítimas que tiveram as vidas ceifadas pela pandemia no Brasil, lamentavelmente perdemos precocemente o cantor gospel “Irmão Lázaro”. A sua fase musical religiosa eu pouco acompanhei, mas, ouvi dizer que ele era muito bom, já que sempre foi um artista muito talentoso. Com o político “Irmão Lázaro” eu acabei decepcionado, sobretudo, por seus discursos reacionários e mais recentemente, alinhados “a par e passo” com o bolsonarismo. 
 
Já o músico “Lázaro Negrumy”, seu nome artístico de quando era cantor do Olodum, eu adorava e tenho maravilhosas recordações, principalmente uma envolvendo a música “I Miss Her”, seu maior sucesso e minha saudosa mãe, dona Nicinha, que era sua fã.
 
Idos do ano de 1997 e a batida frenética do Olodum dominava as rádios do Brasil, desta vez, diferentemente de pérolas como “Requebra”, “Rosa” ou “Avisa lá”, o sucesso estourado made in Bahia era em inglês, despertando no povo – à época, ainda maciçamente sem acesso à internet – a curiosidade sobre “o que significavam aqueles versos”:
 
“Oh, Lord
I'd like to know where she is now
If she thinks about me or not
Or not, oh Lord
I wanna give her all my love
My life, my heart
And please her”
 
Dona Nicinha, minha mainha, fã de música baiana e animada toda, adorou àquela composição. Eis que com seu “ouvido treinado”, neste caso, “em prol de si mesmo”, identificou, segundo ela, lá pela 8ª estrofe, que o cantor do Olodum, “Lázaro Negrumy”, chamava por seu nome! 
 
- Como, mãe? Perguntei à época, incrédulo. 
- Ouça, Binho (era assim que ela me chamava em casa), ele fala: “Ai Nice you, dale”!
 
Parei para prestar a atenção com calma e, para minha surpresa, ELA ESTAVA CERTA e desde então lá em casa, “I Miss Her”, passou a ser “a música do Olodum feita para Dona Nicinha”. 
 
Anos mais tarde, quando me arvorei na tentativa de aprender inglês na velha escola Skill de Camaçari, eis que, para minha surpresa, descubro que o verso “Ai Nice you, dale!” era na verdade “I miss you, darling”. Só que como se diz em bom baianês, cante aí e repare, se “I miss you, darling” não soa aos ouvidos como “Ai Nice you, dale”?
 
Mesmo já conhecendo o significado real da letra, eu nunca tive coragem de desfazer da tradução peculiar de Mainha, e quando “Lázaro Negrumy” se transformou em “Irmão Lázaro”, fazendo uma versão em português e gospel da música, Dona Nice reclamou, pois, segundo ela, “seu nome não estava mais lá” (e rimos muito)!
 
“I miss you, darling” significa: “Eu sinto a sua falta, querida”. E como eu sinto, minha Mãe!💗
 

 

SOS Casa da Criança e do Adolescente de Camaçari

No início dos anos 90, a Casa da Criança e do Adolescente de Camaçari (BA), cumpria o papel de ser o elo entre a criança e o jovem da periferia em vulnerabilidade social e as políticas públicas municipais para a juventude, além de intermediar a nossa participação nos programas de aprendizado das empresas do Polo Industrial, dos bancos, do comércio e da própria prefeitura.

Lá, também tínhamos cursos variados, de aprendizagem musical, orientação educacional, marcenaria, pintura, artesanato, dança, além de acompanhamento psicológico e uma infinidade de benefícios, até então inacessíveis aos jovens carentes da cidade.

Para conseguir me inscrever nos programas, todos os dias eu e minha saudosa mãe (sempre ela) íamos lá pessoalmente, literalmente, “atazanar o juízo” dos funcionários da Casa da Criança, ávidos por uma oportunidade de fazer parte daquela maravilha, até que um dia ela veio, primeiro, como mensageiro (ofice-boy) da prefeitura, lotado nas dependências da Secretaria de Esporte e Lazer, que ficava dentro do Estádio Municipal, depois, na forma da seleção para Jovem Aprendiz do Banco do Brasil. Fiz prova de português, matemática, redação, história e conhecimentos gerais, fui aprovado em 2º lugar e em outubro de 1992, minha carteira de trabalho era assinada pela primeira vez na minha vida (sim, o contrato era CLT, com todas as vantagens trabalhistas).

No banco, tínhamos plano de saúde, talão de cheque (te mete! rs), cartão, ticket-alimentação… Era um sonho! Nessa trajetória, tive a honra de partilhar dessa maravilhosa oportunidade com meus até hoje amigos-irmãos Alex Persil, Fábio Nunes, Ana Paula Costa, Valdeci Oliveira e Alcides Silva, fora o grande Nilson Oliveira, único da turma de aprendizes que perdemos o contato após todos esses anos. MUITO OBRIGADO, MEUS AMIGOS! Fizemos também grandes amizades por lá, que honrosamente trouxemos para nossas vidas, até hoje.

Atualmente muito se discute a questão das políticas públicas de inclusão e das cotas e eu tenho orgulho em dizer que foi uma política pública que me alçou ao mercado de trabalho formal e isso fez tão bem, tanto para mim, quanto para os demais, que todos nós fizemos carreira nas mais variadas áreas, com as mais variadas formações, norteados pela oportunidade que nos foi intermediada lá atrás.

Se não fosse a Casa da Criança como instrumento estatal de inclusão social, o que teríamos sido? Eu não sei. Saí do banco aos 17 anos e 10 meses, onde aprendi, entre outras coisas, que para ser servidor efetivo no serviço público, o ingresso só se dava por concurso. Comecei a fazer concurso aos 18 anos e antes dos 19, já estava concursado e empossado em um órgão da administração pública estadual da Bahia, onde fiz carreira e onde estou até hoje.

A Casa da Criança que nos deu régua e compasso, com o passar dos anos, infelizmente foi (e ainda está) praticamente abandonada, mas, eu ainda tenho esperanças de que um dia ela volte a ajudar mais garotos e garotas, como fez comigo e meus amigos, no auge de suas atividades, gerando tão bons frutos!👊🏾

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Palavras amigas despretensiosas (ou presente de Natal antecipado)...

Imagem: http://migre.me/h56Hp
Encontrei um jovem amigo, que foi meu colega em minha breve passagem pelas fabulosas aulas de dança de salão do Professor Carlei Daltro na Cidade do Saber. Ele é frentista de um posto de gasolina. Quando parei, ganhei um aperto de mão. Muito gentil e sempre prestativo, o jovem amigo me disse:

“Nunca esqueci aquele nosso papo de uns seis meses atrás, sobre eu voltar a estudar! Seu incentivo para que eu fizesse faculdade, bate todo dia em minha mente. Vou estudar e você faz parte disso!”

Fiquei muito emocionado. Nunca imaginei que palavras despretensiosas fossem mudar a vida de alguém. Feliz com o que ouvi naquele momento, só lhe disse que ele ainda era muito jovem, que os estudos poderiam transformar a vida dele e que independente de idade, sempre era hora de recomeçar. Contei-lhe sobre mamãe, que entrou na faculdade à época aos 50 anos, e que hoje é uma pedagoga de primeira!
Palavras de incentivo, literalmente podem mudar a vida de alguém, talvez não tenhamos idéia de seu poder!
Força meu jovem amigo, você vai conseguir. Hoje eu literalmente ganhei o meu dia... Ganhei também, o meu presente antecipado de Natal!
Obrigado Deus!

Dan Danival Dias, o Borozinho
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terça-feira, 7 de maio de 2013

“Como é que faz para ter um emprego desses?” (Eu resolvi contar!)

Foto: http://migre.me/es2qI
No órgão em que trabalho como servidor público (concursado ressalte-se), o expediente às sextas-feiras encerra-se às 13 horas. Muitas vezes acontece de eu cruzar com alguém na rua e ser surpreendido com a pergunta, quase 100% das vezes em tom de sarcasmo: “Como é que faz para ter um emprego desses?”.
Para começo de conversa, gostaria de registrar que sim, eu trabalho 40 horas semanais, porém, da forma como são distribuídas pela administração da entidade, as sextas-feiras o nosso expediente é menor, mas é contínuo, sem parada para o almoço (consequentemente eu sempre almoço tarde nesse dia da semana...).
Orgulho-me muito da forma como cheguei ao serviço público, não por supostamente me achar melhor do que ninguém, mas sim pela forma como fui apoiado e incentivado principalmente por dona Nice, minha mãe, bem como pelo exemplo de profissional e ser humano que foi o meu saudoso pai, Domingos, que já não estava mais comigo quando passei no meu primeiro concurso.
Comecei a trabalhar muito cedo (vide: http://migre.me/erZsa) e antes mesmo de terminar o meu contrato então como Jovem Aprendiz do Banco do Brasil, já tinha decidido que ingressaria no serviço público, porém, só não sabia como iria fazer isso, o que era absolutamente normal para um jovem de 17 anos numa época em que não tínhamos acesso à internet como hoje!
Sem a menor condição de cursar uma faculdade particular, cujas mensalidades eram além das possibilidades financeiras da minha família e sem poder sonhar com a UFBA, cujos cursos eram quase que em sua totalidade diurnos e eu precisava trabalhar, a academia era algo completamente distante da minha realidade naquele longínquo ano de 1994. Enquanto meus amigos que podiam (ou não, coitados) queriam ir para a faculdade, eu depositava minhas esperanças em conseguir um emprego estável (E com o crachá de PVC, pois, eu quando garoto achava muito "chique" o povo dos bancos e do Polo Petroquímico que passavam por mim usando os seus crachás de PVC! Vai entender? Coisas de garoto!)...
Em 1995, já fora do banco, com o dinheiro da rescisão contratual e do FGTS, investi em um curso de informática numa escola renomada (Por sinal muito cara! Quem da minha época não se lembra da BYTE Informática?), algo que era novidade e que poderia me garantir uma empregabilidade maior, para eu poder concretizar meu desejo de ser servidor público. Antes disso eu já tinha cursado datilografia de graça, oferecido pela Prefeitura de Camaçari. O curso de informática era dividido em 3 semestres cada módulo (123 - básico, 456 - intermediário e 789 - avançado) e eu só tive dinheiro para pagar o primeiro. A partir do segundo módulo, já desempregado ou só fazendo trabalhos temporários, quem pagava meu curso e o meu transporte era minha mãe, e com o troco da passagem do ônibus Camaçari x Lapa junto com o dinheiro do lanche que eu deixava de fazer, ia juntando para poder sair de vez em quando nos finais de semana, até surgir uma oportunidade...
Até passar em um concurso, eu me virava como podia numa época que emprego já era algo muito difícil, principalmente para quem não tinha o velho QI (quem indicasse), foi aí que um dia quando eu tinha pouco tempo de completado 18 anos, minha mãe, então funcionária do colégio CEMA de Camaçari, me trouxe a informação, passada a ela por uma colega do trabalho, sobre o concurso do Tribunal de Contas junto com o da Assembleia Legislativa da Bahia. Li o edital com muita atenção e descobri que para Camaçari numa das inspetorias do TCM, existia UMA VAGA para a qual estaria apto, pois, eu tinha praticamente acabado de completar o antigo segundo grau (hoje nível médio)! Fui ao velho banco BANEB (vulgo "Banebão) para fazer minha inscrição (claro, paga por minha mãe), sob o olhar de desdém da funcionária do caixa (outra história para eu contar com mais detalhes depois em outro texto).
Eu precisava estudar muito para as provas e o que tínhamos naquela época eram os cursos para concurso (todos em Salvador) ou estudar por conta própria com apostilas vendidas em bancas de revistas. Eu só tinha a segunda opção, ainda assim com algumas restrições. Minha mãe (mais uma vez ela, meu amor) me deu o dinheiro para comprar apostilas, mas, quando cheguei à banca que ficava em frente ao Colégio Central em Salvador, o dinheiro só dava para comprar da mais simples, cujos assuntos nem eram assim tão atualizados. Trouxe-a assim mesmo, já que era o que eu podia!
A partir daí, como eu estava desempregado (e isso já durava quase oito meses) eu tinha o hábito de por minha apostila debaixo do braço, pegar um pacote de bolacha “cream cracker” e passar o dia inteiro sentado ao lado do Fórum da justiça estadual, no Centro Administrativo Municipal de Camaçari, lendo tudo e respondendo os exercícios. Lá era tranquilo, arejado e um lugar que eu adorava passar horas estudando, estudando e estudando... EU PERDI FESTAS, EU PERDI FARRAS, EU PERDI FINAIS DE SEMANA, EU PERDI NOITES, EU PERDI ATÉ UMA NAMORADA QUE TINHA NA ÉPOCA, pois, nem grana para comprar um pirulito eu tinha, MAS NUNCA PERDI A FÉ E A ESPERANÇA DE PASSAR! Fui fazer a prova no Colégio Carneiro Ribeiro, na Lapinha (claro, com as passagens de ônibus pagas por minha mãe) e quando o resultado foi publicado no jornal A Tarde, minha amiga Claudinha Almeida, filha do saudoso maestro e fundador da BAMUCA, Sinésio Almeida, me ligou de sua casa para me dizer: VOCÊ PASSOU E FOI O PRIMEIRO COLOCADO!
A segunda fase do concurso foi justamente de informática... Informática! Aquela mesmo que até fazer o curso na BYTE eu não dominava, mas que após concluí-lo, até “Certificado de Honra ao Mérito” como um dos melhores alunos da classe eu ganhei! O investimento estava começando a ter retorno! Teste de digitação, eu fiz tudo muito rapidinho, digitação era moleza, afinal, EU TINHA CURSADO DATILOGRAFIA! Pronto, a partir daí, com a publicação do resultado final no Diário Oficial do Estado, aquela ÚNICA (e concorrida) vaga foi a do garoto de 18 anos prestes a fazer 19, que passava o dia sentado estudando ao lado do fórum...
O fato é que lá se vão 16 anos de serviços prestados como servidor concursado no mesmo órgão público, cujos dias de trabalho que eu dedico paga as minhas contas, e apesar de já ter sido até aprovado até em outros concursos, resolvi ir ficando por lá, pois, em muitos casos além das condições serem melhores, até 2009 eu trabalhava a 15 minutos de casa, no centro de minha amada Camaçari (desde então estou lotado em Salvador).
Pois bem, para quem sempre me perguntou, foi dessa forma que consegui “ter um emprego desses”, que nem é o melhor do mundo, mas que me permite, por exemplo, garantir de forma digna o meu sustento, sair do trabalho às sextas-feiras a partir das 13 horas e estar de folga aos sábados, domingos e feriados! Hoje em dia, o que querem os garotos e garotas aos 18 anos? Festas? Farra? Futilidades? Muita gente hoje não quer estudar e quer que o “trabalho bom, com computador e ar condicionado” (como eu já ouvi de meio mundo) caia do céu igual à chuva no inverno... Isso não vai acontecer, pois, a vida de verdade é muito dura, "principalmente para quem é mole" (já dizia o ditado)!

Danival Dias
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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

E ainda há quem defenda o pedágio!

Clube do Otário. Fonte da imagem: http://migre.me/c5oDj
Com o início das obras de duplicação da 'Via-Parafuso' e da 'CIA x Aeroporto', já ouvi pessoas considerando “justa” a cobrança dos pedágios que sitiaram a cidade de Camaçari. Há quem tenha a falsa impressão que são “somente” R$ 2,80 (dois reais e oitenta centavos) e que isso é pouco, mas a coisa não é bem assim... 

Fiz uma conta rápida, em 12 meses, eu que pago pedágio antecipado, pois, trabalho na capital, já terei desembolsado a quantia de R$ 1.680,00 (mil seiscentos e oitenta reais), esse valor, somados ao IPVA (Imposto sobre a propriedade de veículos automotores, criado com o objetivo, entre outros, de justamente manter as vias) no valor de R$ 890,00 (oitocentos e noventa reais – valor/base 2012), dará um total de R$ 2.570,00 (dois mil quinhentos e setenta reais) que terei que pagar por ter trabalhado a vida inteira e ter podido um dia comprar um carro! (Lembrei de ‘Ouro de Tolo’ do mestre Raulzido: “Eu devia estar feliz/Porque consegui comprar/Um Corcel 73...” – vide: http://migre.me/c5pa4).


Pago também seguro, pois, posso ser roubado pela falta da segurança que o Estado não me dá e apesar de morar ao lado da refinaria, o valor do combustível que o Estado não fiscaliza, já está beirando os R$ 3,00 (três reais) por litro. Mas é assim mesmo, quem permitiu que nossa cidade fosse cercada criminalmente por praças de pedágio, onerando meu custo de vida em R$ R$ 1.680,00 (mil seiscentos e oitenta reais) por ano, anda de helicóptero e tem carro com motorista bancado pelo erário... Com tudo isso, ainda tem quem defenda pedágio? É justo pagar pedágio? Justo um C#R@Lh$! Perdoem-me pela falta de “compostura”, mas isso foi um desabafo...
 

Danival Dias, cidadão CANSADO!

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

S.O.S. Jordão


Jordão - Camaçari (BA), em 14/10/12
Alô políticos eleitos e você que acha que está tudo belo em Camaçari. Vocês conhecem o Jordão? Para quem não sabe, é de onde vem minha família materna... Distrito antigo de Camaçari que faz divisa com Dias D’ávila. Abençoado pela natureza e de pessoas simples e honradas, mas que INFELIZMENTE FOI NEGLIGENCIADO POR TODOS OS POLÍTICOS DESSA CIDADE (absolutamente TODOS)! Nem a vinda do Polo nos anos 70 ou da Ford nos anos 2000 trouxe benefícios àquele povo...
Para quem não sabe ou fica falando besteira sem conhecer Camaçari direito, no Jordão não tem rede de esgoto, não tem pavimentação nas ruas, não tem calçadas, postes de iluminação pública, não tem quadra, não tem praça, não tem segurança, não tem saúde, as pontes, que não possuem corrimão ou passagem de pedestre (e que por baixo devem ter uns 40 ou 50 anos de construídas) só permitem a passagem de um carro por vez...
Para quem não tem carro, saibam que no Jordão o transporte público é limitado, lá, os ônibus nos seus raros horários, só vão até a beira da ponte, mas não podem passar por cima por causa do risco de DESABAMENTO. No Jordão, se chover o povo sofre com a LAMA, se fizer sol, sofrem com a POEIRA... Puseram asfalto em Monte Gordo, mas a pavimentação parou na estrada de acesso ao Jordão, que mesmo fazendo parte de Camaçari, seu povo não goza dos R$ 60.000.000,00 (sessenta milhões de Reais) mensais arrecadados por essa cidade! Vergonhoso também é ver que a parte do Jordão que pertence ao município vizinho de Dias D’ávila, algumas das ruas possuem pavimentação. Dias D’ávila mandou calçar parte das ruas do Jordão que lhes pertence, mas a MILIONÁRIA Camaçari NUNCA FEZ O MESMO!
Tenho visto nas redes sociais e nas ruas o povo daqui se engalfinhando por causa da campanha eleitoral do segundo turno EM SALVADOR. PAREM DE BESTEIRA E VÃO AO JORDÃO. Peçam para que os eleitos por aqui, de situação ou oposição cuidem daquele lugar... Vão lá com seus carros e experimentem no conforto do seu ar condicionado o que aquele povo sofre debaixo de sol e de chuva!
Mas há quem diga que está tudo “maravilhoso”... Vão conhecer o Jordão, aliás, vão conhecer toda Camaçari abandonada daquela região, começando aqui pela Biribeira, até chegar a Monte-Gordo, passando pelo renegado Jordão... Alguns dos eleitos por aqui NUNCA PUSERAM OS PÉS NO JORDÃO e por causa de lugares como o Jordão, onde não tem Cidade do Saber, onde as pessoas sequer podem vir à Cidade do Saber por que NÃO TEM TRANSPORTE, é que eu digo que em Camaçari, cidade cuja arrecadação permitiria que dos jardins brotassem “uvas e peras”, AINDA FALTA MUITO!

Danival Dias, cidadão camaçariense apaixonado por sua cidade.
danival.dias@gmail.com 

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Vaquejada de Serrinha: Como era e como (eu acho que) está

Curtindo as fotos da galera em Serrinha em 2012, pela quantidade de gente, percebo que a Vaquejada virou uma “grande festa de camisa colorida”, uma reprodução no interior da “Salvador Fest” que nego faz até “beicinho” aqui em Salvador, dizendo que “não tem gente bonita” (ODEIO ESSE JARGÃO)!.
Em 1998 estive no último ano do Parque Fernando Carneiro e assisti ao show do Raio da Silibrina, mesmo ano em que foi inaugurado o majestoso Parque Maria do Carmo, onde assisti, entre outros, o velho Mastruz com Leite...
Hoje em dia, Frajola e Parque “rivalizam”, são duas festas paralelas! A Vaquejada virou “micareta”, com “abadá” e tudo e o Frajola perdeu o "glamour" de outrora, saindo da área do sítio para um descampado empoeirado! Com a invasão dos “bate-voltas” de Salvador, acabaram-se as excursões com aluguéis das casas e quase ninguém mais “curte” a cidade de Serrinha! Coisa boa era passear na Morena Bela, paquerar, tomar uma gelada antes da festa no parque, dançar ao som das barracas...
Quanta nostalgia! Acho que estou ficando velho mesmo, pois, sinto saudade do Frajola no sítio de dia e da festa no Parque à noite, quando a gente se vestia “a caráter” para curtir Reginaldo Rossi, Flávio José, Magníficos... E o "inferninho" no Parque? Forró pé-de-serra até o dia amanhecer! Tempo bom! Muito bom, aliás... rs


Dan - danival.dias@gmail.com
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quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Camaçari dos jardins de uva e pera

Posto de saúde do Ponto Certo, 05/07/12, 8:00 am.
Analisando como um simples cidadão, observo que há uma subjetividade enorme quando se diz que “hoje vivemos melhor” em Camaçari, se comparando o governo atual a outros governos. Às vezes esquecemos que a garantia de um governo no mínimo melhor que o anterior, não é FAVOR, mas, OBRIGAÇÃO de quem quer que esteja no poder!
Eu não brigo com ninguém por causa de ponto de vista, mas tenho o meu! Há os que acham que estamos bem, mas eu me permito fazer uma análise mais apurada e sem o empenho de emoções partidárias, quando o assunto são os rumos da minha amada cidade. Nem precisamos ser “experts” em administração pública, para fazermos uma pequena comparação, a qual eu repito sempre, a título de ilustração, para demonstrar que as coisas poderiam estar bem melhores na milionária Camaçari.
Feira de Santana, segunda maior cidade do Estado da Bahia, possui 600.000 (seiscentos mil habitantes). Feira hoje é uma metrópole, inclusive a principal cidade da recém criada RMFS (Região Metropolitana de Feira de Santana), dada à sua pujança econômica e sua importância como vetor de crescimento daquela região. Quem conhece Feira, sabe que lá temos a melhor universidade estadual do N/NE, além de um comércio forte, infraestrutura de serviços, transporte público regular, etc... Tudo isso para uma arrecadação mensal, segundo dados públicos da SEFAZ, órgãos de controle externo e balanço da própria prefeitura, de algo em torno de R$20.000.000,00 (vinte milhões de Reais).
Camaçari, a nossa Camaçari, possui em torno de 200.000 (duzentos mil) habitantes e nem de longe possui a infraestrutura de serviços privados ou públicos de Feira de Santana! O transporte público aqui é deficitário, anômalo e administrado de maneira acéfala, a cargo daquelas cooperativas... Se meus irmãos camaçarienses moradores do Jordão, Tiririca, Catu de Abrantes, Biribeira ou até ali de Parafuso ou Verde Horizonte, quiserem participar de uma atividade na “cantada em verso e prosa” Cidade do Saber, SEM CARRO, FICARÃO EXCLUÍDOS! Experimentem ir às escolas municipais e constatem de perto que em algumas, pasmem, falta até papel higiênico!
Em Camaçari, se sairmos pela manhã bem cedo pelas portas dos postos de saúde, as filas são gigantescas! O fato é que Camaçari nem de longe é uma metrópole, já que para muita coisa, somos dependentes de outras cidades (como Salvador, por exemplo). Aqui, a arrecadação, igualmente segundo dados públicos da SEFAZ, órgãos de controle externo e balanço da própria prefeitura, gira em de algo em torno de R$60.000.000,00 (sessenta milhões de Reais) por mês, o que dá aproximadamente 720.000.000 (setecentos e vinte milhões de Reais) por ano!
Num comparativo bem básico, dá para ver que Feira, a metrópole, possui três vezes mais pessoas do que Camaçari, só que em Camaçari, a arrecadação mensal é três vezes maior que a de Feira.
Fechem os olhos e façam um comparativo entre Feira de Santana x Camaçari! E aí? Eu que sou apenas um cidadão comum, do povo e que tive acrescido ao meu custo de vida R$ 140,00 (cento e quarenta Reais) a mais por mês de pedágio, além do que já pago de IPVA, combustível, manutenção, seguro, etc., fico sempre pensando que em Camaçari está faltando algo. Eu não consigo ver esse “mar de rosas” que os mais apaixonados pelo governo insistem em exaltar...
Costumo brincar dizendo que em Camaçari, dos jardins daria para brotar uva e pera e que das fontes luminosas caras instaladas nas praças, daria para jorrar Coca-Cola ou água de coco!
Como muitos por aqui sabem, não sou ligado a grupo político nenhum, tenho grandes amizades no governo e fora do governo e minhas manifestações são somente a de um cidadão exigente, que paga caro para viver numa cidade milionária, onde ainda temos lugares abandonados, empoeirados, sem escola e sem ruas calçadas como o Jordão, como a Biribeira, ruas sujas como as da Nova Vitória e sem calçamento como as do Parque Verde. Lembrando que são, repito, a pequena grande fortuna de R$60.000.000,00 (sessenta milhões de Reais) por mês!
Eu sei que Feira não é a “cidade dos sonhos” quando o assunto é administração de recursos, mas o comparativo é só para termos ideia de como uma cidade grande, uma metrópole é gerida com menos recursos, ao passo que em Camaçari, mais rica e com menos pessoas, ainda temos sim muita coisa a desejar e isso é fato, que me desculpem os mais apaixonados pelos políticos que estão no poder hoje (e que certamente mudarão de lado quando os mandatários forem outros, do mesmo grupo ou não)! Com o que se arrecada em Camaçari, em tese, daria para ter três Feiras de Santana em oferta de serviços públicos!
A gente precisa parar de exaltar esses governantes e passar a fiscalizá-los. Isso é o exercício do controle social, uma obrigação do cidadão, afinal, os recursos são nossos!
Um abraço meu povo querido!

Danival Dias, cidadão camaçariense apaixonado por sua cidade!